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Afinal, o amor machuca ou cura? Compreenda melhor este sentimento tão poderoso!

  • Atendimento
  • 3 de out. de 2016
  • 4 min de leitura

Love is in the air... Hoje, a coluna da Pscicóloga Dra. Thais Rabanea que atende no KAJH aborda um assunto que é de interesse de todo mundo que já teve ou ainda terá um amor, vale a pena a leitura!

"Ah, o amor! Certamente é uma das maiores fontes de inspiração da humanidade, mas também uma das maiores fontes de sofrimento humano. Um dos principais nomes da terceira onda de terapias cognitivas no novo milênio, Steven C. Hayes, afirmou que nenhum fator externo pode nos livrar completamente do sofrimento, mesmo quando os seres humanos possuem todas as coisas tipicamente associadas ao sucesso e felicidade, ainda assim é possível sentir a dor do sofrimento psicológico, característica básica da vida humana.

Sigmund Freud já havia nos alertado no início do século passado, em sua obra “o mal-estar da civilização” que estaríamos fadados a lidar com o sofrimento advindo das principais fontes de angústia, dentre as quais se destaca a perda do amor e todos os seus desdobramentos, como a separação e a rejeição.

Atualmente a neurociência avançou muito, e demonstrou que a dor provocada pelo amor, dói mesmo! Não se trata apenas de uma metáfora utilizada para expressar nossos mais profundos sentimentos, amplamente explorada pelos nossos célebres poetas e escritores. As feridas provocadas pelo amor ativam as mesmas áreas cerebrais relacionadas à dor física.

Em contrapartida, quando amamos liberamos hormônios que garantem a formação do vínculo, e que ao mesmo tempo têm efeitos analgésicos, e, portanto, ajudam a aliviar o peso da vida... Afinal, mesmo se correspondidos pelo nosso amor, podemos sofrer com decepções ou frustrações em outras áreas de nossa biografia pessoal, não é?

As trocas de carinho e a intimidade de um casal atuam sobre sistema de recompensa do cérebro, mesmo lugar onde as drogas de abuso atuam. Isso explica porque sentimos um prazer e um bem-estar incríveis, e queremos sempre mais e mais! Por outro lado, também explica porque podemos ficar viciados e dependentes da pessoa amada.

O funcionamento do cérebro do apaixonado também se aproxima muito das pessoas diagnosticadas com Transtorno Obsessivo Compulsivo, por isso a pessoa amada não sai de nossa cabeça, e muitas vezes só acalmamos quando enviamos ou recebemos uma mensagem, ouvimos a sua voz, sentimos a sua presença... Este fenômeno pode estar relacionado a sintomas neuróticos, ansiedade e padrões de relacionamentos disfuncionais. Então cuidado: o limiar entre o remédio e o veneno é muito tênue, tudo é uma questão de dosagem, como nos ensinou o médico suíço Paracelso.

Estudos mostraram ainda, que os relacionamentos amorosos estimulam as nossas habilidades interpessoais, aumentando assim o tamanho das estruturas cerebrais relacionadas. Quando amamos, também podemos ficar mais sociáveis, ganhando não só mais massa cinzenta, mas também mais amigos!

O Estudo de Desenvolvimento Adulto, de Harvard, o estudo mais longo sobre a vida adulta que já foi feito, acompanhou adultos jovens até seus 80 anos, com o intuito de predizer quais deles iam se tornar octogenários felizes e saudáveis e quais não iam. E quando reuniram todos os dados, descobriram que não foram seus níveis de colesterol de meia idade que previram como iriam envelhecer, foi o quão satisfeitos estavam em seus relacionamentos: as pessoas que estavam mais satisfeitas em seus relacionamentos eram mais saudáveis e felizes.

Este estudo nos mostrou ainda, que relações saudáveis protegem não apenas nossos corpos, mas também nossos cérebros. Ocorre que estar em um relacionamento íntimo no qual o indivíduo sente que pode contar com a outra pessoa em caso de necessidade tem suas memórias preservadas por mais tempo. Já as pessoas em relacionamentos nos quais elas sentem que realmente não podem contar com a outra, são as que acabam tendo declínio de memória mais cedo.

A grande lição que este estudo nos deixa, corroborou com as palavras de Mark Twain há mais de um século atrás: "Não há tempo, tão curta é a vida, para discussões banais, desculpas, amarguras, tirar satisfações. Só há tempo para amar, e mesmo para isso, é só um instante." Afinal, o amor machuca ou cura? Acredito que o amor cura, todavia as dificuldades que encontramos ao longo do caminho podem nos machucar, e muito! Mas lembre-se de que sempre podemos aprender até com as experiências mais difíceis e assim aperfeiçoar nossa capacidade de amar. Uma ótima semana e um grande beijo."

Dra. Thais Rabanea: Bacharel em Psicologia e formação em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC-SP. Especialização em Neuropsicologia pelo Centro de Diagnóstico Neuropsicológico - CDN. Treinamento em Terapia Cognitivo-Comportamental pelo Beck Institute for Cognitive Behavior Therapy; e em Reabilitação Cognitiva Assistida por Computador pelo NeuroScience Center of Indianapolis - NSC. Membro da Sociedade Brasileira de Neuropsicologia. Mestre em Psiquiatria e Psicologia Médica e Doutoranda pela Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP. Pesquisadora no Laboratório Interdisciplinar de Neurociências Clínicas da UNIFESP. Professora no Curso de Especialização em Neuropsicologia do CDN: Módulo de Neuropsicologia e Psiquiatria. Revisora especialista em periódicos científicos internacionais. Membro do corpo editorial da Acta Psychopathologica, Delaware, EUA.


 
 
 

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